sábado, 14 de dezembro de 2013

Nos invernos do agosto

Canta o galo carijó nas tábuas da mangueira,
Clareia a barra do dia nesse inverno boca braba,
Amanhece branco o potreiro da geada do agosto,
O vento norte ecoa longe nas taquara,
Os pingos encilhados, coçando a cabeça no palanque,
É Mais um dia de camperiada no sul do Rio Grande.

O poncho emalado, espantando a chuva,
A peonada cruzando o passo do meio,
Tem vaca atolada na invernada do fundo,
O olho d'agua traiçoeiro com as magras,
Faz o gateado firmar o sovel cinchando,
Tem bóia pro corvedo do capão.

É triste ver o inverno brindando a morte,
Sobrou só o brinco pra contar história,
Desse destino traiçoeiro na beira do banhado,
Os campeiros seguem rumo as casas,
Levando o preço das mangas do agosto.
No peito de peão de estância.

                                  Pelanka Culau



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