terça-feira, 8 de abril de 2014

Nas Primaveras de Estrada

Chegou linda a primavera, regada a aguaceiros e perfume de jasmin. Se não amanhece babando água, logo se finda o dia com uma tarde cinzenta goteando o néctar das flores. São diferentes as primaveras, eu lhes digo. A do Rio Grande com amores certamente tem mais flores, mas a "das Américas" não é das piores. As mangas do agosto chegam antes por aqui, encharcam e dão vida aos verdes pastos, judiados do inverno bagual.
Mas que primavera ajeitada, passarada gorjeando céu a fora, até sábia se enxerga por estas bandas. Mas sinto uma falta do alarde dos quero-queros e do canto do bem-te-vi. Aaah, e não esqueço do João Barreiro, que com esse barral estaria em festa com sua companheira erguendo nova morada pra descascar uns barreirinhos. 
Engarupada nos arames da cerca, desabrocha uma rosa, cor de carmim. Noutro canto pra faceirice do beija-flor a brancura dos jasmins inundando de perfume o pensamento, que a favor do vento se aprochega, enchendo o peito de saudades de uma primavera surreal, pois não há nada mais triste que primaverar longe do meu torrão natal.